domingo, 9 de agosto de 2015

A Queda da Casa de Usher

O Insônia se manteve ausente por razões enfermas, assim como o Canal Fichier Morts, no entanto, não podemos parar. Já estou melhor e venho te deixar acordado com mais essa publicação, vamos lá!
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Jean Epstein, com a ajuda de Luis Buñuel, transpõe para o cinema o que pode ser considerada a primeira adaptação de um conto de Edgar Allan Poe a se tornar famosa na sétima arte: A Queda da Casa de Usher, marco do expressionismo francês.

tristeza, possessão, solidão, perda e desespero.

Um filme bastante interessante, deveras macabro e assustador, apesar de datado e tendo em vista toda a limitação da época. A Queda da Casa de Usher é opressor, conseguindo utilizar muito bem a trilha sonora para criar o clima certo de pavor. E apesar da metragem curta, a mensagem é direta e explícita: tristeza, possessão, solidão, perda e desespero.

tristeza, possessão, solidão, perda e desespero.

Roderick Usher vive em um casarão isolado do resto da humanidade, envolto nas sombras e pela neblina, cercado por um pântano. Sua obsessão é tentar preservar em um quadro a beleza de sua mulher Madeleine, por toda eternidade, assim como os demais amaldiçoados membros do clã Usher fizeram durantes os tempos, deixando a enferma esposa sucumbir lentamente na vida real, vítima da reclusão, enquanto sua força e vitalidade vão esvaecendo quanto mais o quadro se torna vívido.

tristeza, possessão, solidão, perda e desespero.

Em sua obsessão, Madeleine acaba padecendo e Roderick se toma por uma mistura de dor, culpa e sofrimento, principalmente quando a esposa vai ser enterrada, com o consentimento de Roderick. A cena do cortejo fúnebre e a trilha sonora enfurecida que se acompanha é realmente muito impactante. É desconfortável ver os homens levando-a até o mausoléu, com o véu branco da morta esvoaçando para fora do caixão, elemento que seria muito importante na narrativa futura.

tristeza, possessão, solidão, perda e desespero.

Mas se você já leu o conto de Poe, ou assistiu alguma outra adaptação do conto, como O Solar Maldito, dirigido por Roger Corman e estrelado por Vincent Price nos anos 60, já sabe o desfecho dessa história. Senão, ALERTA DE SPOILER, pule para o próximo parágrafo, ou leia por sua conta e risco: Madeleine na verdade sofre de catalepsia e foi enterrada viva, voltando da tumba em uma noite de tempestade para prestar contas, fazendo com que a mansão de Usher começasse a ruir. Diferentemente do livro (e do filme de Corman), onde Madeleine aparece com a roupa rasgada e suja de sangue, devido a luta para conseguir sair do caixão, aqui Epstein trabalha a imagem de uma figura mais etérea e plácida, com um viés mais fantasmagórico.

O diretor também é responsável por criar uma belíssima atmosfera angustiante e depressiva em quase todo o filme, utilizando recursos visuais subjetivos muito interessantes, como o esvoaçar das cortinas, folhas secas voando pelos corredores, névoas, a corda de um violão arrebentando, suspensão do assoalho, o movimentar de um pêndulo, e técnicas como uso de deformidades óticas e o total controle do contraste entre luz e sombra. Tudo isso para criar essa pegada sinistra.



Enfim, em A Queda da Casa de Usher estão todos os elementos necessários para um bom filme de terror, assim como ambientação perfeita, narrativa pesada, uma história macabra, um trabalho extremamente competente do diretor e incrível atuação de Jean Debucourt como o obsessivo e traumatizado personagem central.


Trailer(?): não encontrei o trailer disponível no youtube :'(

No entanto, assista a versão clássica completa legendada em Português: 





É ISSO, ATÉ A PRÓXIMA!
INSÔNIOS'

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