quinta-feira, 17 de março de 2016

Gabriela - Capítulo 8

Capítulo VIII - Gabriela

Na quinta-feira apesar de ter chegado tarde, acordei cedo e como só iria ver Cecília no fim de tarde, decidi ver minha mãe de surpresa, era incrível como o amor nos faz querer viver, quando somos só, não queremos ver pessoas, nem ter uma companhia. Nos contentamos em sermos só e passamos o dia vegetando tendo a certeza que nada acontecerá - Já quando amamos, queremos retribuir aquele amor, exalar amor. Poder viver tendo a convicção que o amor está lá, vivendo em nós, carecendo de aparecer.
Peguei meu carro e fui rumo à matriz, na estrada eu começava a pensar na existência de um Deus. Não seria comum tudo o que me aconteceu ser por acaso. Meu arrependimento de virar educador se transformou na maior coisa que já acontecera em minha vida. Se não fosse eu ser professor, jamais teria conhecido Cecília, se não minhas frustrações amorosas, jamais teria conhecido o verdadeiro amor. Pois então, Deus, será que ganhaste mais um seguidor?
Desde pequeno duvidava da existência de Deus, na verdade após saber que o coelhinho da páscoa e o papai Noel não existiam e tudo que eu ganhava na páscoa e no natal eram dados por pessoas e logo tudo que é dado como um ato de Deus, também eram feitos por pessoas, até milagres. Era um pensamento imbecil, mas cheios de razões, já que após sabermos que coelho da páscoa e papai Noel não existem, continuamos a ganhar presentes e chocolates e mesmo sabendo que o mundo é horrível e jamais um Deus ia querer um mundo assim, continuamos a crer em Deus. Minha irmã também é ateia, mas se diz cristã, por vergonha. Sinto pena dela. Ela sempre quis ser como eu (talvez seja esse o motivo da pena). Quando escrevia poemas na faculdade, ela pequena também escrevia, horríveis, mas escrevia. Logo após quis ser atriz, se formou em artes cênicas com 20 anos e até hoje, 7 anos depois, não conseguiu nada além de figurações. Por isso não a culpo por se encostar na mamãe, só a culpo por não perceber que não é uma boa atriz.


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Chegando na casa de mamãe, entrei no quintal e a porta estava aberta, entrei e vi Gabriela sentada no sofá, olhei melhor e me desesperei; Ela estava toda machucada, com o rosto cheio de marcas.
- MEU DEUS, GABI, O QUE ACONTECEU? - Corri para ela.
Ela se levantou, saiu de perto e gritou:
- SAI DAQUI, CÉLIO, POR FAVOR! - Gritou ela.
- O que foi, Gabi? Quem fez isso? QUEM FEZ ISSO QUE EU VOU MATAR! - gritei me levantando e com o desespero em minha alma.
- ENTÃO SE MATA, DOENTE! - gritou ela.
- O que? Gabi, não tô entendo, quem fez isso em você?
Eu estava em completo choque.
- FOI VOCÊ, SEU PSICOPATA!

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